A porta de vidro se abre e as cores do chão de mármore, do mobiliário de tweed e da parede de fibra de carbono combinam entre si. O local é preto, bege e branco, uma mescla de tonalidades que muita gente já conhece como símbolo de tradição francesa que marcou o século 20. Desde que fundou a sua primeira loja na Paris de 1913, a legendária Coco Chanel já avisou a quem quer que perguntasse: a sua moda era para poucos. Alta-costura. Top de linha. Peças confeccionadas com o cuidado e a atenção de uma obra de arte. Nenhum fio fora do lugar onde precisamente deveria estar, ou toda a obra refeita desde o começo.
Seguindo os pilares e repetindo os mantras da fundadora, a grife Chanel abriu ontem a primeira butique no Brasil completamente comandada pela sede francesa – e a segunda loja no País, depois da unidade do Shopping Cidade Jardim que, até agora, era administrada pela Daslu. O local escolhido foi o Shopping Iguatemi, que já conta com a presença de outras maisons importantes, como Gucci, Tiffany & Co., Salvatore Ferragamo e Diane Von Furstenberg. A decoração, como acontece em todas as lojas da Chanel no mundo, é coordenada pelo arquiteto americano Peter Marino, que sempre tenta misturar a personalidade simples e inconfundível da marca com características do país em que está.
“No Brasil, quisemos fazer um mix do clássico com o contemporâneo. Na parte dos relógios, por exemplo, as cortinas douradas e os tapetes bege são como os da sede na Place Vendôme em Paris”, explica Marie-Laure Clos-Solari, diretora de relações públicas da marca. Logo na entrada da loja, a clássica bolsa 2.55, criada por Mademoiselle Chanel em 1955, divide espaço com a sapatilha bicolor preta e vermelha, praticamente um clichê da grife. Na prateleira à frente, outras bolsas, carteiras e botas ficam ao lado da parte dedicada aos relógios.
Atravessando o microcorredor, tem-se acesso ao chão coberto por carpete que deixa o clima mais favorável à parte principal: as roupas. Aqui, o recorrente contratempo: como a maioria das coleções das grandes grifes têm lançamento mundial ao mesmo tempo em todas as filiais, as roupas nas araras e manequins são de frio. Muito frio. Para quem não se lembra, o último desfile de outono-inverno comandado por Karl Lagerfeld tinha no meio do cenário um grande iceberg e as modelos desfilavam com os sapatos dentro d’água. Todas as peças estão lá. Contrastando com o clima tropical que já chegou por aqui.
Uma das assessoras me diz que isso não é um problema. “As clientes da Chanel costumam viajar muito, então elas vêm à loja para comprar um tailleur para jantar, um vestidinho para passear, muitas vezes em um país cujo clima é totalmente diferente.” O ‘casaquinho’ não sai por menos de R$ 8 mil, e o tailleur completo (saia + blazer) passa perto dos R$ 20 mil. Muitas taxas de importação dificultam o acesso às peças, que na Europa também são caras, mas nem tanto. Por outro lado, seleciona o público e ocupa a butique com quem tem, antes de mais nada, roupa para entrar dentro dela.
Passando pela parte da frente para voltar ao outro lado, está a parede de óculos escuros. Com todos os modelos possíveis, dos clássicos aos mais modernos, coloridos aos pretos, minimalistas aos românticos. É só fechar os olhos que dá para se imaginar colocando os óculos de sol, as compras na sacolinha preta e atravessando a Rue Cambon de terninho de jérsey, como se fosse na década de 1950. Principalmente pelo champanhe e foie gras que faziam parte do menu do brunch servido aos convidados.
Uma estreia elegante e sofisticada, assim como faria Coco.
Beijos @heyceciliagnn :*
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